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A mostrar mensagens de junho, 2023

As tabernas de outros tempos

  As tabernas de outros tempos      Em meados do século passado as tabernas proliferavam em Oleiros, dando à vila um certo colorido e animação. Eram pontos de encontro e de convívio, locais onde os homens passavam os seus momentos de lazer num tempo em que ainda não havia televisão nem polos de atração, culturais ou recreativos ou, pelo menos, os que existiam eram incipientes.    Tudo era pretexto para ir à taberna beber um copo. Convidavam-se os amigos e não se recusava a companhia de quem estivesse por perto. Beberricava-se ou bebia-se o copo de uma assentada para, desse modo, afirmar uma certa personalidade que, neste caso, era sinónimo de valentia. Para situações de maior privacidade havia quase sempre um compartimento mais recatado e discreto, o “escondidinho”. A “cova funda” era também um local reservado e só a ele tinham acesso os mais próximos do taberneiro. Em geral, era neste espaço que se guardavam as pipas de maior envergadura e era delas ...

A Levada da Casa Grande

  A Levada da Casa Grande    Tempos houve, num passado recente, em que ter uma horta em Oleiros era necessidade imperativa para qualquer família da vila. Nessa altura ainda não havia supermercados nem lojas onde hoje qualquer pessoa tem ao seu alcance toda a espécie de hortaliças e de legumes de que necessita no seu dia a dia. Além das pessoas que viviam da agricultura como forma de trabalho, também os funcionários públicos, naturais da terra ou oriundos de fora, nos quais se incluíam os elementos da GNR de serviço em Oleiros, precisavam de um pedaço de terra para “hortelar”. Tal necessidade resolveu-se, em parte, com a criação de pequenas hortas ao longo de uma conduta de água, que a Casa Grande construiu no início do século XIX com o objetivo de irrigar os seus extensos milheirais situados nas proximidades da vila. Em simultâneo, a energia hídrica do caudal foi aproveitada para alimentar dois moinhos de cereais, junto da Fonte das Freiras, na fase final do seu traje...

A Ribeira de Oleiros

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  A Ribeira de Oleiros      A ribeira que banha a vila de Oleiros e lhe dá vida, recebe três nomes diferentes ao longo do seu percurso. É “Ribeira de Perobeques” no Estreito, onde nasce, “Ribeira de Oleiros” ao passar pela vila e “Ribeira da Sertã” quando desagua no rio Zêzere. Não é caso único, pois ocorrem situações semelhantes em Portugal com outros cursos de água.    Curioso é o topónimo da nascente, cuja etimologia tem origem em “Pedro Vasques” nome de um ancestral proprietário do terreno onde começa a ribeira e que veio a dar o termo bizarro de “Perobeques”, corruptela do seu nome inicial. Mais bizarro ainda é o topónimo que figura na carta militar nº 266, de 1946 (ainda em uso), o qual é grafado como “Ribeira de Perbex”, para designar o curso de água em questão, em que a letra “x” deverá ser pronunciada [ks] (à semelhança do “x” da palavra índex) . Facilmente se deduz que o cartógrafo militar de serviço, ao indagar o nome daquele riacho, junto ...

Dendrofobia

  Dendrofobia   Medrava no quintal da minha vizinha um imponente e lindíssimo cedro. Fora plantado em 1982, por ocasião de uma campanha de reflorestação de terrenos de pinhais ardidos, cujas novas árvores, doadas pelo Governo, ficaram conhecidas por “pinheiros do Balsemão”, alusão à iniciativa do primeiro-ministro de então. Por várias vezes a vizinha exprimiu vontade de abater aquela árvore com receio de que ela viesse a cair, causando estragos na vizinhança, eventualidade pouco provável já que o pinheiro, como ela lhe chamava, tinha um aspeto bastante saudável e estava bem enraizado, considerando o tipo de terreno em que se encontrava implantado. Sempre que ela aludia à sua intenção e eu lhe pedia que não cortasse a bonita árvore, ficava muito admirada porque, na opinião dela, os vizinhos nunca gostam de árvores nos quintais ao lado, por lhes fazerem sombra e sugarem os nutrientes do solo. Não era o caso e nunca acreditei que o abate se viesse a concretizar. Um dia dest...