Passeio dos Seniores
Passeio
dos seniores
Desde há alguns anos que a
Junta de Freguesia de Oleiros-Amieira organiza com êxito um passeio anual para a
população idosa da freguesia. Este ano teve lugar nos dias 21 de maio e 4 de
junho e decorreu entre Vila Nova da Barquinha e Vila Velha de Ródão.
A experiência de edições anteriores
permite que a organização do evento seja cada vez mais aprimorada, como se tem verificado
e o passeio deste ano, sem qualquer dúvida, o veio confirmar.
Como tem sido habitual, esta
ação repetiu-se em duas datas diferentes para dois grupos diferentes, a fim de
evitar, ao que se supõe, um elevado número de participantes no mesmo dia, e
assim facilitar o serviço organizativo. Referir-me-ei nesta crónica apenas ao
passeio da segunda data, no qual participei.
Manhã bem cedo, os cerca de
200 participantes foram distribuídos por 4 confortáveis autocarros, cujos
lugares foram atribuídos por sorteio à entrada de cada viatura. Assim, de forma
ordeira e sem atropelos, deu-se a entrada daqueles longevos nos autocarros, alguns
apoiados em bordões, com rostos sorridentes, muitos deles marcados pela força
da idade.
Por volta das 9 horas deu-se
a primeira paragem para desentorpecer as pernas, aconchegar os estômagos e
demais necessidades. Tinha sido sabiamente escolhido um local bastante amplo e
com excelentes condições para o efeito – o Parque Urbano de Abrantes (São
Lourenço).
De regresso aos autocarros,
rumámos à estação ferroviária de Vila Nova da Barquinha, a fim de tomar lugar
no comboio inter-regional, que nos levaria até Vila Velha de Ródão. Naquela
estação (Vila Nova da Barquinha) estava o presidente da edilidade local, Fernando
Manuel dos Santos Freire, nosso conterrâneo, que, de forma simpática, nos veio
dar as boas-vindas. Às 11H39, hora de tabela, dava entrada na pequena
plataforma da estação, a composição ferroviária. Com a tranquilidade própria
deste tipo de passageiros (e a paciência do maquinista) lá foram entrando e acomodando
em duas carruagens os 200 passeantes, certamente caso inédito nesta estação. Seguiu-se
então um admirável passeio, quase sempre ao longo do rio Tejo, com o comboio serpenteando,
numa marcha vagarosa, por entre tufos de vegetação densa, deslizando sobre pontes
ou através de túneis. As águas do rio, ora se apresentavam calmas, quando
represadas pelas duas barragens que encontrámos (Belver e Fratel), ora se
mostravam marulhantes ao galgar penhascos quartzíticos ou a escorrer por entre
o areal. Era um regalo olhar para aquelas águas, e para o arvoredo que se
estendia pelas duas margens. Ao longo do percurso ainda foi possível
testemunhar a existência de 3 castelos: Almourol, Belver e Ródão (Castelo do Rei
Wamba).
Chegados a Vila Velha de
Ródão dirigimo-nos aos 4 autocarros, que nos esperavam perto da estação
ferroviária, e que nos iriam conduzir ao local do almoço – Restaurante Meio do
Nada – na Herdade da Urgueira, na freguesia de Perais. O restaurante situa-se
num sítio muito repousante na margem de uma lagoa e faz jus ao invulgar nome
que tem. Foi servido um almoço de que fazia parte um prato com migas e carne à
alentejana, de qualidade aceitável. Só foi pena não ter sido acompanhado com algum
tipo de salada, alimento dietético sempre aconselhável a qualquer pessoa, e,
mais ainda, àqueles velhotes.
De novo em Vila Velha de
Ródão, e para cumprir o bem elaborado programa, realizou-se um passeio de barco
entre o cais local e as Portas de Ródão, ex-libris
natural da vila. Foi uma pequena viagem entre aqueles imponentes rochedos, onde
nidificam aves de grande porte, como grifos, águias e cegonhas pretas. Foi até possível
vê-las pairar suavemente, lá no alto, num gracioso revolutear. Pudemos ainda
apreciar alguma vegetação ripícola e rupestre, com destaque para salgueiros,
zimbros, lentiscos, medronheiros e aroeiras. Também houve tempo para entoar
algumas cantigas em grupo, com a ajuda de uma pequena compilação, que a
organização teve o cuidado de preparar, incluindo nela a letra de mais de uma
trintena de canções populares.
Cabe aqui referir um texto
poético de Hipólito Raposo gravado numa placa informativa existente no cais, em
relação às Portas de Ródão: A ombreira mutilada de um arco de triunfo
que um capricho plutónico quisesse ter ali deixado à honra do grande rio nas
primeiras auroras do mundo.
De autocarro, novamente,
iniciou-se a última etapa do passeio, rumo à bem delineada A23, e depois até à Isna,
onde a associação ISCA (Isna Sport Clube Alvelos) disponibilizou várias mesas e
bancos para que os passeantes pudessem merendar em convívio e com algum
conforto. Foi como que um lanche partilhado, onde ainda se fazia sentir a boa
disposição reinante ao longo de toda a jornada.
O êxito deste passeio não teria
sido possível sem o notável empenho da Junta de Freguesia. Foram vários os
elementos deste órgão do poder local que, ao longo de todo o dia, estiveram
presentes para prestar o seu apoio sempre que necessário: Fernando do Carmo
Dias (presidente), Tó Miguel, Ana Maria Alípio, Helena Boaventura e Filipe
Mendes. Também foram inexcedíveis nas suas tarefas as funcionárias da Junta, a
Telma e a Carla. Uma das funções da Telma (assistente social) no interior do
autocarro, foi a locução ao microfone, onde, não sendo profissional, revelou
excelentes qualidades, pela clareza, sobriedade e delicadeza com que deu as
informações necessárias para eficaz execução do programa.
É de destacar também a
dedicação da Ana Garcia e da Mariana Antunes, membros do CLDS, com quem a Junta
estabeleceu parceria para concretização desta ação.
Fizeram parte da equipa de
enfermagem: Carla Sobreiro, Ana Gonçalves e Sílvia Antunes. Aquando de um
pequeno acidente ocorrido com dois elementos que caíram num caminho escorregadio,
apresentaram-se de imediato com o seu equipamento para cuidar dos sinistrados,
providenciando, em simultâneo, a vinda do INEM ao local.
Por tudo quanto foi dito,
estão de parabéns, em primeiro lugar o executivo da Junta de Freguesia de
Oleiros-Amieira e, depois, todos quantos colaboraram para execução deste
louvável ato social.
5 de junho de 2025.
Alcino
Alves
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