Vaidade linguística

 

Vaidade linguística

  Abriram recentemente na vila de Oleiros dois novos estabelecimentos comerciais, batizados pelos seus proprietários com palavras da língua inglesa. Será que os seus donos não gostam da língua de Camões? Falamos uma língua com 800 anos de história, que não nos envergonha e ombreia com as línguas mais faladas no mundo. Ou será que os seus donos estão à espera de clientela de países anglo-saxónicos? Mas não consta que essa gente passe por esta “terra altaneira”. Portanto, tal atitude só tem uma explicação: pedantismo tosco e vaidade linguística.

   Parece que é agora moda usar termos estrangeiros, como se a bela língua portuguesa – “última flor do Lácio” - não tivesse no seu vasto vocabulário os termos necessários para expressar as mais variadas nuances do pensamento humano. É uma língua suficientemente rica, sem ter necessidade de recorrer ao vocabulário estrangeiro. Claro que há termos técnicos relacionados com inovações científicas, que ainda não têm equivalência na nossa língua, e aí, sim, teremos de usar os termos criados nos países de origem dessas novidades tecnológicas.

   A moda pegou de tal maneira em Oleiros, que, por exemplo, algumas das modalidades desportivas praticadas nas piscinas municipais são designadas por termos da língua inglesa, quando existem palavras equivalentes na língua portuguesa. Até no anúncio da sua programação se fala em open week, quando dispomos da portuguesíssima expressão “semana aberta”, que todos entendem. Para não falar das "reuniões de trabalho", alcunhadas de workshops, ou do coffee break que aparece em programas de eventos, sempre que ocorrem conferências ou lançamentos de livros na Casa da Cultura. Trata-se de uma submissão à cultura anglo-saxónica, que nada acrescenta à informação, antes pelo contrário, para a grande maioria dos oleirenses essas expressões transformam-se numa interrogação, visto que são poucas as pessoas que, em Oleiros, dominam a língua inglesa. Além disso, o uso daqueles estrangeirismos, nesta terra, apenas evidencia um pretensiosismo balofo que nada prestigia os autores de tal linguagem. Sejamos sensatos! 

Comentários

  1. Sobretudo, em eventos nacionais e locais não faz qualquer sentido! Sem dúvida que, seria muito mais coerente
    usar sempre que possível a nossa língua, nao só por ser o mais lógico mas tambem como forma de a valorizar e perpetuar. Infelizmente, a adoção do ingles nos mais variados contextos é uma tendência que se assiste a um nível global!!!

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