O Miradouro de Siza Vieira
O
Miradouro de Siza Vieira
Ora aí está, mais uma descomunal inutilidade
parida pela edilidade municipal. Não bastavam os passadiços do Orvalho, aquele
inestético amontoado de tábuas e barrotes, vem agora esta monstruosidade
intrometer-se no belo cenário da serra do Moradal. É mais uma “ecoparolice”
irresponsável, que nada vem adiantar à beleza da serra, antes pelo contrário:
este monstro de betão armado só vem desfigurar a paisagem. A Natureza é bela em
si, não precisa de apêndices. Será difícil perceber isto?
Na publicação “Oleiros Magazine” de agosto
de 2023 sublinha-se o facto de apresentar “uma vista panorâmica de 360º sobre o
vale do Zêzere”. É propaganda falsa, visto que o rio corre a uma distância
considerável do miradouro, e as suas margens escondem-se atrás dos montes
envolventes. O admirável vale que se estende lá no fundo, esse sim, visível, é
atravessado pela ribeira da Zebreira. Quanto à visão panorâmica, o
miradouro em nada a vem ampliar, uma vez que a plataforma utilizável se situa
ao nível do morro quartzítico, ao qual está ancorado, e, por isso, já antes da
obra proporcionava a mesma visão num ângulo completo.
Há muitos anos que o local é acessível a
qualquer caminhante que por ali ande à cata de paisagens, carecendo apenas de
algumas infraestruturas de segurança e melhoria dos trilhos de acesso, que, sendo tratados com bom senso, não
irão deformar a Natureza de forma tão agressiva.
Para além do gritante atentado à paisagem, a
enormidade dos gastos nesta obra é um absurdo e põe em causa a sanidade mental
dos seus promotores.
Sejamos sensatos!
Mais do que justificada indignação, mais do que necessária chamada de atenção, perante a inércia do povo e a inépcia dos "mentores" de tal projecto totalmente desenquadrado e que apenas denota ARROGÂNCIA e REDUNDÂNCIA face à bela paisagem natural, esta, por si só, evocadora de comunhão reverente e contemplativa.
ResponderEliminarAbraço solidário da maria
A propósito de passadiços, baloiços, pontes suspensas e miradouros, respigam-se aqui alguns apontamentos, muito assertivos e oportunos, de uma instituição denominada Grupo de Proteção da Natureza:
ResponderEliminar“A popularidade dos passadiços deve representar uma oportunidade para os responsáveis por sua implementação e gestão. Como é possível que se permita gastar tanto dinheiro de forma tão estúpida?”
“Não para esta corrida desenfreada dos autarcas imbecis deste país. Onde anda a Agência Portuguesa de Ambiente?”
“É curioso haver catalogações alusivas à classificação dos ”mais belos passadiços do país” esquecendo o óbvio: a paisagem é que interessa; os passadiços são todos iguais.”
“Em Oleiros a aberração tem a assinatura de Siza Vieira!!! Em vez de madeira usaram betão para eternizar o crime!!! Claro que a culpa não é do arquiteto. Este é pago para fazer um trabalho. Quem adjudicou o projeto é que é responsável pelo atentado à paisagem.”
Vale a pena referir também a posição da Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS):
“Os passadiços constituem, na generalidade, um atentado à paisagem, desvalorizando os territórios onde se inserem, com prejuízo para os ecossistemas. (…) Podem tornar-se perigosos por desadequada instalação e falta de manutenção. (…) A longo prazo deixam o território mais degradado.”
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAssino por baixo tudo o que descreves. Parabéns pela coragem., de chamar os" bois " pelos nomes!..
ResponderEliminarNa “Feira do Pinhal”, que decorreu em Oleiros no início deste mês, esteve em grande destaque uma pseudoréplica desta aberração bem como dos inestéticos passadiços. Logo à entrada da feira, como se fosse um ex-libris, foi uma clara demonstração da parolice dos promotores de tal bizarria. A caricatura do miradouro lá em cima, mais parecia um tanquezinho de horta, onde nem sequer houve a preocupação de desenhar aquilo à escala. Agosto de 2024. Um oleirense.
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