AS ÁRVORES DA DEVESA

 

AS ÁRVORES DA DEVESA


     O espaço, popularmente conhecido em Oleiros por Devesa, a que recentemente foi dado o nome de Praça do Município, nunca teve apetência para construções de grande vulto, dada a constituição geológica do seu subsolo, pouco favorável a tal fim. Trata-se de um terreno muito instável constituído por matéria orgânica e outros detritos acumulados ao longo dos anos, com uma ligeira escorrência para noroeste. Ainda existem evidências de uma linha de água orientada para o ribeiro dos Cancinos.

     Em tempos recuados, o espaço foi utilizado como logradouro e terreno hortícola. A partir dos anos 30 do século XX começou a ser arborizado pela Câmara Municipal, onde foram introduzidas dezenas de árvores ornamentais da espécie Robinia pseudoacacia, conhecidas popularmente por “árvores-da-devesa”, das quais ainda restam 3 exemplares já muito decrépitos, mas que ainda produzem abundante folhagem. São plantas de folha caduca, que se tornam frondosas na primavera e no verão, proporcionando uma sombra muito agradável. Era naquele espaço densamente arborizado, que se realizavam os mercados semanais e as feiras anuais, bem como as festas populares de S. João e S. Pedro.

     Aquando da construção do novo edifício dos Paços do Concelho, para onde transitaram os serviços que funcionavam no velho edifício da Praça da República, todo o espaço da Devesa foi reabilitado, mantendo a sua vocação para a arborização e a jardinagem. Todavia esta última aptidão foi um tanto adulterada quando, recentemente se procedeu a uma alteração paisagística e todos os espaços ajardinados foram substituídos por relvados. Apenas algumas floreiras móveis de cimento poderão ainda justificar o nome de “jardim”, como toda a gente da terra se habituou a chamar àquele recinto arborizado e relvado.

     Inexplicavelmente, por decisão camarária, algumas das mais imponentes árvores têm sido desmembradas, apresentando-se desequilibradas e ostentando inestéticas cicatrizes ao longo do fuste. É uma decisão um tanto estranha, visto que uma das funções das árvores ornamentais é produzir sombra no verão para deleite de quem por ali deambula.

     São dignos de referência especial alguns exemplares arbóreos, ali plantados, cujas espécies taxionómicas se listam a seguir.

 

Casuarina equisetifolia  (casuarina) 

     O nome do género deriva da palavra “casuar”, nome de uma ave da Austrália, por os raminhos da árvore fazerem lembrar as penas daquela ave. Existem três espécimes no jardim com notável crescimento vertical.

 

Cedrus atlantica  (cedro)

     É a árvore mais imponente de todas as que se encontram na Devesa. Maior imponência teria se não fosse mutilada periodicamente com o objetivo aparente de lhe atenuar a copa e, consequentemente, a sombra.

 

Cersis siliquastrum  (olaia)

     Vulgarmente conhecida por “olaia”, esta árvore reveste-se de lindas flores de cor púrpura por altura da Páscoa, as quais se distribuem não só pelos ramos mas também pelo tronco. Encontram-se vários exemplares no jardim, bem como em frente e nas traseiras do edifício dos Paços do Concelho.

 

Cryptomeria japonica  (criptoméria)

     É, neste momento, a árvore mais alta do jardim. Apesar de não se encontrar no seu habitat próprio, tem-se desenvolvido muito bem. É uma planta oriunda do Japão, que se encontra em grande abundância por todo o arquipélago dos Açores.

 

Liquidambar styraciflua  (árvore-do-âmbar)

     Existem vários exemplares desta magnífica árvore um pouco por toda a vila. Muitas pessoas confundem-na com o plátano, pela semelhança das folhas e das infrutescências globosas existentes em ambas as espécies, todavia estas árvores pertencem a famílias distintas. No outono a sua folhagem transforma-se num vistoso amarelo dourado. Na Devesa encontram-se dois exemplares junto do quiosque.

 

     Completam o elenco florístico arbóreo outras espécies inventariadas pelo autor, que não se mencionam aqui, dada a sua fastidiosa terminologia botânica.

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