A Mata dos Chãos

 

A Mata dos Chãos

   Na primeira metade do século XX prosperou no lugar dos Chãos uma mata de árvores exóticas coexistindo com outras espécies autótones. Esta exuberante mata tinha sido mandada plantar por José Antunes Pinto, veterinário de profissão, antigo proprietário das Casas da Comenda, conhecido em Oleiros por “Pinto do Adro”.

   Não se conhece nenhum registo das espécies ali plantadas, todavia graças à memória de alguns oleirenses, sabe-se que, do acervo botânico daquele aprazível bosque, se destacavam muitas pináceas bem desenvolvidas, tais como abetos, cedros, larícios, pinheiros-radiatas, pinheiros-silvestres, tsugas e pseudotsugas. Como o seu proprietário apreciava a variedade botânica, juntou espécies de outras famílias, nomeadamente, ciprestes, tuias, áceres, freixos e ulmeiros.

   As árvores eram plantas de grande valor paisagístico, não só pela sua beleza mas também pela raridade de algumas espécies.

   Daquele rico património não resta, que se saiba, uma única árvore: foram todas abatidas e substituídas por vinha, pinhal e eucaliptal, com base no lucro material, em detrimento da cultura e da fruição espiritual. 

   Fazia parte desta mata um chalé de airosa arquitetura, que também não escapou à cega destruição, por parte dos seus posteriores proprietários.

   É pena que não se tenham preservado tão preciosos bens, que antepassados nossos, desveladamente, nos tinham deixado.

 

Comentários

  1. Devia ser uma mata muito bonita!

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  2. Olá Alcino!

    Como venho acompanhando este seu fluxo, acabo de ler a mensagem sobre a mata de árvores exóticas em Oleiros, que, juntamente com tudo o que caracterizava essa singular propriedade, sucumbiu à ambição exploratória em desproveito da aspiração protectora, enquanto o conceito de propriedade privada for alheado da conservação do património natural como valor primeiro, incluindo a beleza natural e a qualidade do solo que nos dá alimento, e do património cultural e histórico como valor segundo, ficando para último o valor comercial. É isso que me tem entristecido ao continuar a ver os anúncios em vídeo de propriedades à venda, em que as zonas florestais foram e continuam a ser reduzidas em função do valor comercial e utilitário que lhes seja atribuído, enquanto matéria prima para indústrias de madeira, papel, lenha, deixando ao critério dos proprietários arrasar ainda mais o já escasso património e empobrecida diversidade florestais, sem replantar ou dar hipótese de auto-regeneração. E isto é feito à sombra de decretos a que chamo tapa-buracos (como o são a maioria das 'leis' que não espelham a matriz original da criação e da consciência) apenas para mostrar serviço face aos incêndios (ao contrário do 'clima', estes sim de causa humana, quer por distracção negligente quer por crime), sob o pretexto de 'limpar' terrenos em época de incêndios, sem nada fazer para efectivamente os prevenir como acto de preservação primordial e constante. Dito de uma forma abrangente, todos os reinos terrestres - mineral, vegetal, animal, humano - que compõem a Natureza deste planeta estão sob ataque de forças que querem impor uma matriz artificial a tudo e a todos em controlo absoluto, assumindo-se como deuses criadores. Mas como venho dizendo, o seu aparente sucesso prenuncia o seu FIM, que é o fim do actual ciclo e início do ciclo seguinte, numa Terra e Humanidade já consagradas noutra dimensão de existência, em consonância com a Lei Matricial Evolutiva.

    Assim, felizmente há valiosas excepções, estas de actuais proprietários em zonas rurais e naturais que também acompanho, que valorizam e restauram as construções ancestrais existentes e constroem dentro das mesmas linhas matriciais, assim como atentam a cada árvore como um indivíduo além da sua espécie, chegando mesmo a registar cada uma como património inalienável, ou seja, não podem ser abatidas. Isto eu vejo em Portugal, Itália, Austrália, E.U.América e outros. A outra coisa que me agride é ver a demonização atribuída a certas espécies de vegetação em geral e árvores em particular por serem consideradas 'invasoras' face à flora nativa. Exemplos disso são os próprios pinheiros e eucaliptos, que certamente merecem a mesma conservação não exploratória. Este mês acompanhei o meu irmão numa viagem a São Pedro do Sul onde desta vez ele foi levar a minha mãe às termas que ela frequenta 1x ano há muitos anos. Na exploração que fizemos à região, tive oportunidade de ver árvores gigantes, como plátanos e eucaliptos, um dos quais medi em 3x os meus braços esticados horizontalmente em volta dele, contemplando a elevada altura e harmonia de forma que estas árvores alcançam quando lhes é permitida a sua maturidade completa sem podas a mutilá-las e deformá-las.

    (continua . . . )

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  3. ( . . . continuação)

    E por falar em reinos, a respeito da sua anterior mensagem dedicada às suas queridas orquídeas, teria de assinalar o facto de a humanidade ser um reino em si mesma, não uma espécie no topo do reino animal, ideia que se instalou pela teoria da evolução das espécies apresentada por Charles Darwin, teoria correcta para o reino animal, mas insuficiente e equivocadamente estendida ao reino humano, hoje com amplas provas disso encontradas em estudos mais recentes, os quais nem seriam necessários para saber a distinção intrínseca a cada reino. Na Criação Original não há equívocos nem confusões, só o limitado e fragmentado entendimento humano os gera, ainda que numa legítima aspiração a compreender o mundo em que vive, mas, onde haja separação da matriz, há brecha para a infiltração e apropriação por parte daquelas forças que encobrem o real e perpetuam o falso que serve os seus fins exploratórios anti-vida.
    PORÉM, a nossa Origem e o nosso Destino É Vida. É aqui e para aqui que verdadeiramente caminhamos, acima de toda a distorção e profanação dos reinos nesta bela e amada Terra . . .

    Faço votos de que continue a honrar a Criação Original, da qual a sua vocação para a botânica é um filamento.

    Abraço em Gratidão
    maria

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    Respostas
    1. Muito me apraz registar os pontos de vista da Maria, uma fiel amiga de longa data, entusiasta defensora dos valores ecológicos e de outros de carácter social, para os quais, eu e ela, sempre olhámos em admirável sintonia. Obrigado, Maria! Alcino

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    2. : )
      Apenas uma ressalva: não enquadro a minha postura ou o meu contributo no âmbito ecológico nem no activismo que lhe costuma estar associado; por princípio inerente, sou sim defensora e protectora da Vida em todas as suas instâncias, como primeira natureza inevitável nesta minha existência. Assim prosseguimos, deixando os nossos contributos onde quer que a nossa Atenção seja invocada pela necessidade.
      Bem haja, Alcino!
      maria

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